- Bom futebol depende de tranqüilidade, conclui pesquisador holandês
Para ser um craque de futebol infalível, não basta ter a bola no pé, ser habilidoso nos passes e nos chutes a gol. É preciso, antes de tudo, estar com a "cuca fresca", como concluiu um estudo realizado por pesquisadores europeus, entre ele o psicológo holandês especializado na área esportiva, Geir Jordet, da Universidade de Groningen. Para ele, saber lidar com a pressão psicológica numa hora decisiva do jogo - penâltis, por exemplo - é mais importante do que a capacidade e a experiência. Sob pressão, Ronaldinhos, Davids ou Nistelrooys podem mesmo decepcionar a torcida.
O desempenho dos jogadores depende do nível de estresse a que estão submetidos. Quando este é baixo, as chances de acerto de um penâlti são maiores. É preciso ter amor à camisa e ao time, mas também 'frieza'. "Os jogadores se preparam fisicamente, mas deixam de lado o aspecto psicológico", disse o especialista em artigo publicado pela revista americana "Nature".
A equipe de Jordet analisou 41 jogos decididos nos pênaltis durante Copas do Mundo, campeonatos de futebol na Europa e também na América, entre 1976 e 2004, para embasar a tese. Em muitos desses jogos, um único chute poderia decidir o time que sairia vencedor.
Durante o estudo, foram analisadas a posição oficial dos jogadores, seu cansaço (estimado a partir do tempo jogado antes dos pênaltis) e as chances de sucesso. Itens que fazem diferença, afirma a "Nature", mas não tão relevantes quanto o grau de importância daquele chute ao gol.
Nas decisões por pênalti, cada time tem direito a cinco tentativas. Na primeira delas, quando a pressão ainda é relativamente baixa, os chutesobtêm sucesso em 87% dos casos. Essa taxa, no entanto, começa a baixar e chega, por exemplo, a 73% no quarto chute do time, quando a emoção é mais alta.
Em situações de muito estresse, como quando a perda daquela oportunidade representa a derrota do time, a porcentagem cai para 52%. Por outro lado, quando um chute certeiro garante a vitória, as chances de sucesso sobem para 93%.
Muitos esportistas e técnicos crêem que pênaltis são uma questão de sorte, ou "loteria". Jordet, no entanto, discorda. A pior coisa para a estabilidade psicológica de um jogador de futebol é pensar que sua falha acarretará a derrota e que ele não tem qualquer influência sobre isso. "Eles devem ter controle sobre a situação", defende o especialista em psicologia desportiva.
Geir Jordet recomenda que o chute a gol faça parte do treino dos atletas. Sugere, também, que os jogadores aprendam a bloquear a tendência de antecipar o fracasso, o que seria de grande ajuda em situações de estresse.
Fonte: ANP
Red.: Arnild Van de Velde
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